Resumo

“A vida é a arte do encontro, embora haja tantos desencontros pela vida”

(Vinícius de Moraes)



Coloco aqui meus encontros e desencontros de conceitos, desejos, sonhos, princípios e pensamentos.

Não há em meus textos NENHUMA intenção política e religiosa.

Muito menos de ofender alguém.


16 de junho de 2010

Viver tem suas mortes.


  Há uns anos atrás precisei separar-me de uma pessoa. Para deixar mais claro, não era um relacionamento amoroso, usarei o termo pessoa para não dar nomes aos bois.
  
  Ela foi muito importante para mim, durante muitos anos. Naquela época tinha outra visão sobre ela, achava que não haveria pessoa mais amiga no mundo. Nunca percebi o quanto eu era criticada com sua sutileza e habilidade de usar as palavras. É claro que muitas vezes ficava magoada, mas minha afeição era tão grande que não me permitia enxergar sua verdadeira face.
  
  Os mais próximos me diziam que eu devia mandá-la para aquele lugar, imagina, eu morria de medo só de pensar que essa pessoa não faria parte da minha vida. Parecia que minha vida dependia dela, aquele medo de não saber o que fazer com sua ausência.

  Um dia, ela me telefona e diz que vem me visitar. Eu marco outro dia, pois não tinha como recebê-la. Foi o começo do fim.  Falamos-nos uma única vez e fui acusada de ingrata. Passou a não atender meus telefonemas, dava desculpas, dizendo que ligava outra hora.

  Comecei a perceber que eu não era tão importante quanto ela era para mim, cansei, matei todo sentimento que tinha por essa pessoa.

  Foi um ponto crucial na minha vida, até então tinha medo de mudanças, de separações, de desfazer laços, conceitos, matar sentimentos.

  Depois do luto dessa separação, mudei completamente, comecei a desfazer de tudo aquilo que não me fazia bem.

  Renasci, renovei, me recriei.

 Comecei a ter mais consciência das coisas, descobri a minha capacidade de partilhar das emoções de outra pessoa (aquilo que chamam de empatia), refiz meus conceitos, criei coragem de reconhecer e assumir meus erros.

  Tive muitas “mortes” na vida, umas muito sofridas, outras imperceptíveis.

  Sei que ainda vou encontrar muitas pessoas como aquela por aí.

  Meu maior desafio é não deixar que alguém precise se separar de mim ou matar o sentimento que tem por mim.


*Um recadinho para algumas pessoas.

Quando te ligo para dizer apenas oi ou contar alguma coisa que me aconteceu, quando me ofereço te fazer um favor, quando te mando um e-mail dizendo que você sumiu e estou sentindo sua falta, quando caio de mala e cuia na sua casa, quando aceito suas opiniões mesmo não concordando. É o meu jeito de dizer o quanto você é importante para mim. É meu jeito de não deixar você me matar.