Resumo

“A vida é a arte do encontro, embora haja tantos desencontros pela vida”

(Vinícius de Moraes)



Coloco aqui meus encontros e desencontros de conceitos, desejos, sonhos, princípios e pensamentos.

Não há em meus textos NENHUMA intenção política e religiosa.

Muito menos de ofender alguém.


22 de julho de 2010

Fora do Convencional



Separação é sempre uma coisa traumática para todo mundo. Normalmente um dos lados não quer e torna a coisa mais difícil.

Não se sabe exatamente quando um casal começa a se separar, o processo vem em pequenas doses homeopáticas, imperceptíveis. Pequenas coisas do cotidiano que eram apenas coisas bobas vão se tornando insuportáveis, o incomodado não fala no começo e o que incomoda nem percebe. Nessa hora o afastamento é inevitável e toma-se uma proporção que não tem mais como consertar, já é tarde demais.

Começa a fase negra, os questionamentos, se vale à pena continuar ou não. Tendemos a colocar a culpa no outro pelo fracasso da relação e esquecemos de ver onde erramos.

A bomba estoura, o fim chega, cada um para seu lado, começa a fase do luto, das acusações, das cobranças. Mesmo que o tempo passe as mágoas continuam, assim como as acusações e as cobranças. O que se vê todos os dias, são ex-casais cobrando um ao outro o que foi ou não feito, enumerando os erros do outro e não querendo ver os seus, usando os filhos como arma.

Pessoas se separaram e ganham o título de ex- marido e ex-esposas e infelizmente se esquecem que não existe ex-filho, arrastam suas crias para essas rede de frustrações pessoais.

Quando me separei, ouvi um monte de baboseiras como tratar meu ex-marido, chegava a ser engraçado a forma que as pessoas queriam que eu me vingasse dele. Como assim me vingar? Nós dois tomamos a decisão juntos, depois de anos e uma série de sucessão de erros (normais) cometidos, decidimos juntos que ficaríamos melhor se não fossemos casados. Não foi questão de buscar a felicidade, não estávamos felizes e nem infelizes, estávamos simplesmente apagados ao lado do outro. É óbvio que tivemos nosso luto, nossos desentendimentos, algumas cobranças. Mas me recusei a ser fazer parte dessa gama de casais que ficam se odiando para o resto da vida. Sabia que não faria bem para mim e muito menos para minhas filhas.  

Nunca entendi por que as pessoas perdoam amigos, parentes ou até simples conhecidos e não conseguem perdoar o(a) companheiro(a). Afinal ele(a) é uma pessoa comum como todas as outras. Por que o(a) companheiro(a) não pode errar? Quem ditou essa regra? Quem disse que casais tem que se separar e só falarem só o essencial? Aquela frase, a vida dele(a) não me interessa. Ô meu Deus, me interessa sim, temos duas filhas. Tudo que eu faço é de uma certa maneira, da conta dele e vice-versa, cada um no seu contexto estamos unidos pelo bem das meninas.

A palavra ex-marido, deixou de existir, só é usada para explicar, normalmente o chamo pelo nome, para mim ele é uma pessoa não um ex. Isso também é motivo de confusão para as pessoas. Tenho uma amiga, que custou a perceber que ele era o pai das minhas filhas, ela pensava que eram duas pessoas diferentes, pelo fato de eu usar o nome e não ex.

Simplificamos as coisas, deixamos para trás as diferenças do casamentos e começamos um novo ciclo, construímos uma amizade sólida e verdadeira, contrário do que as pessoas estão acostumadas. Para nós, doze anos de casamento serviram para descobrirmos as pessoas que existem por trás da do amor de homem e mulher, coisa que não é comum, pois o amor não é cego? O nosso não foi.

Muitos não entendem, pensam que estamos fazendo tipo, que há alguma intenção por trás disso, criticam, invejam. Nós nos divertimos diante a reação das pessoas. Parece surreal mas é possível. É possível reformular o amor quando ele parece ter chegado ao fim.

Olha a gente no aniversário das nossas filhas.